Advocacia século 21 - Cultura digital e a disciplina das organizações

Christian Cardoso de Almeida

Mais que um tema da moda, a experiência digital de uma empresa pode ou não se transformar numa Cultura Digital dessa mesma organização.

Explico.

Cultura Digital não se resume a digitalizar todos os seus processos, documentos, políticas e até as relações com clientes, fornecedores, consumidores e mercado em geral. Não são poucos casos em que uma análise das estruturas e processos das organizações demonstram apenas um estágio de digitalização.

Um site aqui, um aplicativo ali, extensa participação nas mídias sociais, apoio às comunidades e projetos sociais, dentre várias iniciativas e estruturas que, embora válidas, necessárias à consecução dos valores, princípios e metas da organização, apenas e tão somente traduzem sua cultura geral.

Olhando apenas para os processos de produção e ciclos de controles, já há algum tempo existe o sonho do controle absoluto e da governança total.

Vejam os contratos por exemplo. Eles são a base de tudo o que uma organização compra e vende de uma forma geral. Embora existam iniciativas de padronização e modelos, poucos casos atingem níveis operacionais eficientes, já que lhes falta sedimentação na cultura dos componentes da organização na aderência e conduta homogênea nessa operacionalização de modelos e padrões.

Isso gera a crescente inconsistência de bancos de dados extensos de contratos que, na maioria dos casos, não possuem os requisitos mínimos de existência, validade e eficácia jurídica por estarem em branco, ou sem quaisquer assinaturas ou, ainda, não correspondem com o modelo fornecido ao usuário final.

Mais uma vez precisamos alertar que uma base de dados nessa situação não permite um desenvolvimento de plataformas autônomas de processamento, a etapa que chamamos pré-Inteligência Artificial (o pré-IA), que tem como fundamento básico e elementar que tudo aquilo que for disponibilizado através dessa plataforma seja necessariamente padronizado e pré-concebido pela própria organização.

Para tanto, faz-se necessário um alinhamento de governança na própria organização, estabelecendo a utilização de padrões alinhados e validados pelos usuários finais, ou seja, vendas, marketing, compras, suprimentos, etc. a fim de que o consenso seja no modelo, isto é, possa ser cristalizado nessa fase pré-IA.

Não é preciso lembrar que qualquer implantação de IA no momento envolve custos elevados e muita energia das organizações. Um pré-IA bem feito e estruturado permite uma base de desenvolvimento de sucesso das inúmeras soluções na vida de uma organização.

São Paulo, outubro de 2019.


Christian Cardoso de Almeida é sócio de Trigueiro Fontes Advogados em São Paulo.



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