O cenário pós-pandêmico alterou de forma significativa o mercado de trabalho, sendo impulsionado pelo avanço da era digital e marcado pela crescente adoção da flexibilização e humanização das relações laborais.
Durante esse período, chamou-se a atenção para um fenômeno significativo conhecido como “quiet quitting”, que consiste na adoção, por parte dos funcionários, do comportamento de cumprir estritamente o que a sua função exige, sem esforços adicionais, priorizando os limites entre suas vidas pessoais e profissionais, realizando somente o essencial em suas responsabilidades laborais e demonstrando indícios de desmotivação em relação ao avanço de suas carreiras dentro das organizações.
Tal comportamento tem levado à perda de talentos nas empresas, afastando os profissionais mais destacados e reduzindo o entusiasmo dos empregados remanescentes, resultando em impactos adversos na qualidade, inovação e competitividade do mercado de trabalho.
Um estudo publicado pela empresa de recrutamento ManPowerGroup, revelou que, em 2023, o índice de escassez de talentos no Brasil superou a média global e se encontra no percentual de 80%, sendo os Estados do Paraná e São Paulo as regiões mais afetadas. [1]
Neste contexto desafiador, as empresas enfrentam a necessidade de mitigar os efeitos do “quiet quitting” e uma das estratégias emergentes é o “employer branding”, que, na tradução livre, pode ser conceituada como “marca do empregador”. Tal ação consiste em uma estratégia de marketing visando construir e reforçar a imagem da empresa como um local de trabalho atrativo, indo além da questão salarial.
No cerne do "employer branding" está o compromisso de engajar os colaboradores na missão, visão e valores da empresa, conferindo-lhes um profundo senso de integração à organização e incentivando-os a se tornarem verdadeiros embaixadores da marca no mercado de trabalho.
Grandes corporações de alcance global, como o Ritz Carlton, Amazon, Netflix e Disney, já estão adotando essa abordagem como estratégia para minimizar a perda de talentos e consolidar a reputação de suas marcas, conforme reportado em matéria publicada na revista Forbes.[1]
Para tanto, é fundamental a criação de um ambiente inclusivo e saudável, que valorize a diversidade e promova um senso de pertencimento aos que estão na equipe, contribuindo assim para um ambiente de trabalho mais colaborativo, agradável e produtivo.
Ainda, o incentivo contínuo ao desenvolvimento profissional, feedbacks, transparência da empresa, acolhimento em momentos desafiadores, juntamente com a oferta de oportunidades de crescimento interno, refletem o compromisso com o bem-estar e o progresso dos colaboradores, que se sentirão engajados em atender às demandas da empresa com excelência.
Importante ressaltar que as mídias sociais se revelam como uma excelente ferramenta para divulgar a marca da empresa nesse contexto, auxiliando no marketing de recrutamento. No entanto, seu propósito não se limita apenas a promover a empresa, mas também seus colaboradores, destacando os prêmios recebidos, a trajetória profissional destes e suas qualidades no âmbito profissional e pessoal. Isso resulta em um maior engajamento, reconhecimento e fortalecimento dos valores da organização.
Em resumo, o “employer branding” se configura como uma resposta eficaz ao “quiet quitting”, promovendo uma cultura organizacional mais positiva, inclusiva e participativa.
Compreender que os funcionários são o recurso mais valioso da empresa, não apenas reter talentos, mas também fortalece a imagem da organização. Assim, as empresas se posicionam de uma maneira eficaz para prosperar em um mercado de trabalho de constante evolução, garantindo sua relevância e competitividade.
09 de outubro de 2023.
Thales Maia Almeida
Fontes:
[1] https://blog.manpowergroup.com.br/pesquisa-escassez-de-talentos-2023/